Bolsonaro preso: medida tem ligação com investigação que também envolve Eduardo Bolsonaro; entenda
2025-08-05
Categoria: Política

A prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), efetuada nesta segunda-feira (4), está relacionada a um inquérito em andamento no Supremo Tribunal Federal (STF) que também envolve seu filho, o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP).
A investigação apura ações dos dois voltadas a pressionar o governo dos Estados Unidos para intervir em assuntos internos do Brasil — incluindo a tentativa de influenciar o andamento da ação penal contra o próprio Jair Bolsonaro.
O STF iniciou o inquérito no final de maio deste ano, a pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR), que solicitou a apuração das ações de Eduardo Bolsonaro no exterior, especialmente nos Estados Unidos, contra autoridades brasileiras. Em julho, a Corte autorizou a prorrogação das investigações por mais 60 dias.
O que motivou a abertura do inquérito?
A PGR fundamentou o pedido citando declarações públicas e postagens nas redes sociais feitas por Eduardo Bolsonaro. De acordo com a Procuradoria, o deputado vem, desde o ano passado, manifestando repetidamente sua intenção de convencer o governo dos EUA a aplicar sanções contra membros do STF.
O órgão identificou nessas falas um tom ameaçador contra autoridades públicas envolvidas na investigação, acusação e julgamento de processos relacionados a Jair Bolsonaro.
Em um dos trechos do pedido, a PGR apontou que tais declarações demonstram uma tentativa de intimidar agentes públicos:
"Há um tom claramente intimidador em relação aos investigadores, acusadores e juízes da ação penal, sugerindo a intenção de obter medidas inadequadas diante do que Eduardo Bolsonaro parece considerar uma possível condenação."
Outro ponto destacado é a tentativa de interferência no curso normal dos processos judiciais em que o ex-presidente é réu ou investigado:
"As evidências indicam que o objetivo de buscar sanções internacionais contra membros do Judiciário é influenciar o andamento regular de processos criminais que envolvem Jair Bolsonaro e seus aliados."
Prorrogação das investigações
Em 7 de julho, o ministro Alexandre de Moraes prorrogou o inquérito por mais dois meses, justificando a necessidade de continuidade dos trabalhos e a realização de diligências ainda pendentes.
Tentativa de obstrução
No mesmo mês, Moraes identificou novas ações de Eduardo Bolsonaro que, segundo ele, configuram tentativa de atrapalhar as investigações contra o ex-presidente.
O ministro citou uma publicação feita por Eduardo, no dia 29 de junho, na rede social X (antigo Twitter), como nova tentativa de interferência. Na postagem, Eduardo divulga uma aparição pública ao lado do pai, em que Jair Bolsonaro repete o slogan do ex-presidente norte-americano Donald Trump: “Faça o Brasil grande novamente”.
A publicação também incluía críticas a Moraes, sugerindo que ele deveria ser sancionado pelos EUA. Para Eduardo e Jair Bolsonaro, as investigações sobre a tentativa de golpe são, na verdade, uma forma de perseguição política.
Eduardo está licenciado do cargo de deputado e foi morar nos Estados Unidos, onde atua como representante da família Bolsonaro junto ao círculo político ligado a Trump. Sua licença terminou em julho, mas ele ainda não retornou ao Brasil.